História
A história revela-nos a importância deste território ao longo dos tempos. O seu património, são as marcas de um rico e valioso passado sempre presente na vila e nas aldeias.
Historicamente, o Concelho de Portel tem origem em meados do século XIII, quando, a partir de 1257, D. João Peres de Aboim, que viria também a ser conhecido por D. João de Portel, entra na posse de uma extensa área, destacada do Concelho de Évora. Este vasto território passou então a formar o termo do Concelho de Portel, vila a que é outorgado foral em 1262. Já bastante mais tarde, em meados do século XIX, foi anexada ao município uma nova área, a do então extinto Concelho de Oriola.
A vila de Portel nasceu praticamente com D. João de Portel, e desenvolveu-se à sombra do castelo por ele fundado ou por ele remodelado. Incorporada na Coroa em 1301, no reinado de D. Dinis, a vila é mais tarde, em 1385, integrada no senhorio de D. Nuno Álvares Pereira. Este, por seu turno, vai doá-la, em 1422, a seu neto D. Fernando, passando então Portel a estar integrada no património da Casa de Bragança.
Assente num elevado outeiro, o seu conjunto fortificado é composto por duas ordens de muralhas. Uma cerca exterior, construída em taipa, que envolve a Vila Velha e o próprio castelo, e este que, no início do século XVI, foi transformado num paço fortificado.
Com o decorrer do tempo, porém, a Vila Velha, cercada por muros, vai sendo abandonada. Extramuros, primeiro, a partir da encosta da colina, e depois, estendendo-se pelas zonas baixas, desenvolvendo-se um novo núcleo de povoamento, orientado predominantemente para noroeste, em função dos eixos viários conducentes a Évora. Mais tarde, já na época moderna, cria-se a sul do núcleo histórico uma nova e extensa malha urbana de traçado regular.
O monumento mais marcante da vila de Portel é decerto o seu conjunto fortificado, em que se destaca a imagem do castelo, de planta octogonal, e a imponente torre de menagem a ele adossada, que se supõe ter sido erguida no reinado de D. Dinis. Já quanto à vasta cerca que envolve a colina, edificada em taipa, há quem lhe atribua uma origem árabe, ou quem defenda que a sua edificação se ficou a dever à iniciativa de D. João de Portel.
Entre o património religioso existente na vila, destaca-se a Igreja da Misericórdia (século XVII), a Capela de Santo António (século XVI-XVII), com azulejaria seiscentista de tapete a revesti-la interiormente, a Igreja do Espírito Santo (séc. XVI), a Igreja Matriz (século XVIII), a igreja conventual da Senhora do Socorro (início do séc. XVII), entre outros. A nível do património civil há que pôr em relevo a existência de um conjunto de edifícios residenciais, alguns ainda datados dos séculos XVI-XVII, mas sobretudo as residências nobres edificadas nos séculos XVIII-XIX.
Quanto ao restante Concelho, podemos destacar, em termos paisagísticos, a existência de numerosos locais, situados na Serra de Portel (Ermida de S. Pedro, alto de S. Bartolomeu do Outeiro…), que permitem alcançar magníficos panoramas sobre as zonas envolventes.
Em termos patrimoniais, há que ter em conta a existência, quer de numerosas capelas isoladas, quer dos templos integrados nas povoações, alguns dos quais com origem medieval e reformados na época manuelina, como as igrejas paroquiais da Amieira, Oriola, Santana ou S. Bartolomeu do Outeiro.
No entanto, quer em termos históricos-arquitetónicos, quer em termos religiosos, o mais significativo templo existente em todo o concelho é certamente a Igreja da Vera Cruz. Como origem num templo visigótico (século VI-VII), o Mosteiro de Vera Cruz do Marmelar foi um dos santuários medievais mais importantes do país, que se tornou famoso graças à posse da relíquia do Santo Lenho que ainda hoje detém.
Finalmente, e em diferente plano, não pode deixar de sublinhar-se a importância que representa hoje para o concelho a existência da albufeira do Alqueva, quer do ponto de vista económico, quer como polo de atração turística.
Património da Humanidade
Atualizado em 29/12/2020
Cante Alentejano – Património Mundial da UNESCO
O cante alentejano é a alma de um povo, faz parte da identidade da região, sendo único no mundo, foi reconhecido Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2014.
O cante alentejano é um canto coral, cantado por grupo de homens e mulheres, no qual alternam com o coro duas vozes, o ponto e o alto , participando estas também no coro. O andamento lento e as pausas são caraterísticas do cante alentejano que apresenta uma beleza e monotonia únicas. As letras falam de sentimentos e momentos da vida dos alentejanos.
A origem do cante alentejano é incerta, do canto gregoriano ou canto árabe, esta tradição passou gerações e sempre aconteceu em contextos informais, durante o trabalho no campo ou em momentos mais descontraídos e de festa. Hoje são os grupos corais que mantêm esta tradição nos festivais, feiras e festas que ocorrem ao longo do ano.
O Cante em Portel
Em Portel esta tradição, mantém-se bem viva, quem visita esta região ainda pode encontrar grupos de homens que cantam de forma espontânea nos cafés ou nas tabernas e os grupos corais existentes no concelho orgulham-se de continuar a transmitir esta tradição. Com o objetivo de valorizar esta nossa cultura tradicional e de incentivar os mais novos a dar continuidade ao cante para as gerações futuras, tem-se promovido a aprendizagem do cante nas escolas do concelho.
Muitas têm sido as formações que ao longo de décadas têm contribuído para a história do cante alentejano em Portel, estando esta muito ligada ao Grupo de Cantares Regionais de Portel. Foi em 1976 que um grupo de portelenses percorreram pela primeira vez as ruas da vila de Portel, entoando o “Cante aos Reis”, em louvor do Deus Menino. O sucesso desta iniciativa foi o passo decisivo para a longa caminhada que o grupo percorreu, divulgando ao longo de mais de 30 anos, o cancioneiro tradicional e levando o nome de Portel além fronteiras.
Grupos Corais no Concelho de Portel
- Grupo Cante Tradicional Alentejano “Os Almocreves” – Amieira
Foi fundado em Julho de 1987, contando atualmente com cerca de 35 elementos. A riqueza do seu cante e a heterogeneidade da sua formação, trazendo influência de vários locais da região fazem deste grupo um dos melhores corais do Alentejo. A sua atuação é uma constante em diversos eventos nacionais e internacionais.
Contacto: Tolentino – 919908272
- Grupo Coral “Estrelas do Sul” – Portel
Em 1985, um grupo de amigos conhecidos como os “ 7 magníficos” juntaram-se nos Bombeiros Voluntários de Portel e começaram a cantar em festas. Desde então, o grupo tem assistido ao despertar do interesse dos mais novos pelo cante alentejano, contando atualmente com 10 elementos, têm participado em diversos eventos no Alentejo e Lisboa.